Historia do Drift


O que é o Drift?


Numa curva, quando a velocidade do veículo é maior que a tracção e aderência dos pneus à estrada, o carro ao virar vai derrapar de lado. Com uma boa suspensão e várias afinações no carro e, o mais importante de tudo, uma boa técnica e experiência do condutor, é possível controlar essa derrapagem na curva. E assim, tem-se o famoso Drift!

Como é que o Drift começou?


O Drift moderno começou como uma técnica de corridas popular no All Japan Touring Car Championship há mais de 30 anos atrás. Kunimitsu Takahashi foi o primeiro criador desta técnica em 1970. Ele foi famoso por atingir o apex (o ponto onde o carro está mais perto do interior da curva) a grandes velocidades, para depois derrapar pela curva, alcançando uma grande velocidade à saída da curva. Está técnica, chamada de Drif, permitiu a Takahashi ganhar vários campeonatos e uma enorme legião de fãs.

Keiichi Tsuchiya, mais conhecido por Dorikin, era um piloto de corridas ilegais (street racing) e interessou-se particularmente pelas técnicas de Drift de Takahashi. Ele começou a praticar essa técnica em estradas de montanha no Japão e rapidamente começou a ganhar reputação. Em 1987, várias revistas de carros e corridas populares e garagens de tuning conhecidas e conceituadas concordaram em produzir um vídeo com as técnicas de Drift de Dorikin. Este vídeo, conhecido por Pluspy, teve uma enorme recepção entre os fãs do género, pelo que se tornou um vídeo de culto para a modalidade e que inspirou grande parte dos profissionais de corridas de Drift de hoje em dia. Em 1988, Dorikin, com a ajuda de um chefe de uma revista de corridas conhecida, Daijiro Inada, conseguiu organizar o primeiro evento específico de corridas de Drift, chamado o D1 Grand Prix. Desde aí, a técnica de Drift explodiu e espalhou-se em todo o mundo, pelo que é uma forma de corridas muito popular na América do Norte, Ásia e Europa.


Como são as Corridas de Drift?


Tipicamente, existem duas sessões, a qualificação/treinos e a sessão final, ou corrida. Na qualificação, os pilotos tem a oportunidade de fazerem curvas em drift individuais em frente ao júri, na tentativa de chegarem aos 16 finais que passam para a corrida final, ou seja, os pilotos com as 16 melhores pontuações passam para a sessão final. As qualificações acontecem normalmente no dia anterior à prova.

Nas finais, os pilotos são postos lado a lado (aleatoriamente) e têm a oportunidade de fazerem duas curvas, uma como líder e outra como chaser. Entende-se de líder aquele que entra primeiro na curva, e chaser aquele que o persegue. Ás vezes, o líder finge a sua entrada na curva, para tentar enervar e pressionar psicologicamente o chaser, pelo que a esta estratégia dá-se o nome de feint (finta). Dos 16 pilotos na 1ª fase da corrida final passam os 8 pilotos com as melhores pontuações para a 2ª fase, depois passam os 4 melhores para a 3ª fase e, a final, é feita pelos 2 pilotos com melhor pontuação na 3ª fase.



Como são pontuadas as corridas de Drift?


As competições de Drift são julgadas com base na linha da trajectória, ângulo da curva, velocidade e o factor do espectáculo. A linha da trajectória é anunciada antes das corridas pelo júri, pelo que se obtém maior pontuação ao conseguir seguir o melhor possível a linha de trajectória da curva correcta. O factor do espectáculo é baseado em várias coisas, como a quantidade de fumo que o carro deita das rodas traseiras, a distância do carro ao interior da curva e a reacção do público a cada piloto. O ângulo é pontuado através do ângulo que o carro descreve ao fazer a curva em Drift, quanto maior o ângulo, maior a pontuação. Por fim, a velocidade pontua-se pela velocidade a entrar na curva, durante e a sair desta. Quanto mais veloz, melhor.

O júri tem lugar apenas em pequenas partes estratégicas do circuito, algumas curvas que possam providenciar uma boa visão ao júri e uma boa pontuação aos pilotos, para terem boas oportunidades de Drift. O resto do circuito é irrelevante, apenas é utilizado pelos pilotos para controlar a temperatura dos pneus e as afinações do carro.

Além dos critérios de pontuação descritos anteriormente, existem outros na sessão final, como o facto de o chaser manter um gap (intervalo de tempo) muito pequeno relativamente ao líder na curva ou aproximar-se deste, a possível ultrapassagem do chaser durante o drift, ou o líder distanciar-se do chaser e aumentar o gap, qualquer erro cometido pelo líder ou pelo chaser, tudo isto também influencia a pontuação de cada piloto.

No meio disto tudo, o próprio público tem um papel preponderante na pontuação, pelo que podem discordar com a pontuação decidida pelo júri. Assim, é feita uma nova corrida entre os dois pilotos. Ás vezes, durante as curvas, pode haver desistência de um dos pilotos, tanto por motivos mecânicos ou se não conseguir entrar e fazer a curva, o piloto é automaticamente desqualificado, e o piloto que entra sozinho na curva faz o que é chamado uma demonstração individual, pelo que faz a curva como se estivesse a competir.

Os carros de Drift precisam de alguma afinação especial?


Logicamente, os carros de Drift têm que ter algumas afinações específicas. A suspensão de um carro de Drift tem que ser um bocado alta e os amortecedores fortes, o próprio eixo traseiro tem que ser diferente. A maioria dos carros de Drift utiliza uma combinação de recuo/choque. Este tipo de afinação permite ajustar o peso do carro independentemente da suspensão. Não existe afinação perfeita do peso do carro ou da combinação recuo/choque, isso depende de piloto para piloto, é uma preferência pessoal de cada um.
Muitas marcas de suspensão oferecem suspensão afinada especificamente para o Drift, o que permite a muita gente entrar no desporto competitivo. 
Normalmente, no que toca a suspensão, o recomendado é que deve ser relativamente firme à frente ou atrás, depende do estilo de condução de cada um, e deve estar o mais próximo do chão possível, mas não tão próximo que raspe o carro no chão.

Os pneus dos carros de Drift são uma peça chave na mecânica do carro. Têm frequentemente diferentes pneus à frente e atrás, e o próprio condutor deve ter uns quantos sets de pneus, pois uma única tarde de Drift pode devastar vários sets de pneus. O recomendado é: à frente usar pneus bons para permitir uma boa direcção para o carro, enquanto que atrás utilizam-se pneus duros, pois os pneus traseiros são os que se desgastam mais no Drift, portanto é melhor usar uma composição de pneus mais dura. O tamanho das rodas não influencia muito o drift, mas normalmente usam-se as de tamanho 15 polegadas, por nenhuma razão importante, apenas porque são as mais baratas.

Como os carros de Drift pretendem-se o mais rápido possível, a aerodinâmica do carro é muito importante também. Os ailerons traseiros são úteis em corridas ou curvas largas, onde o carro precisa de desenvolver velocidade suficiente para criar uma necessidade de uma força gravítica maior. É aí que entra o aileron. O aileron é como se fosse uma asa de um avião virada ao contrário, e sem o aileron, a velocidade na curva é tanta que o carro provavelmente poderia “levantar voo”. O aileron, com a sua forma, impede que isso aconteça e estabelece um equilíbrio entre ambas as necessidades. 
A própria entrada de ar no motor, para não aquecê-lo demasiado, é crítica, por isso, normalmente, o capô dos carros têm entradas de ar que permitem uma maior refrigeração do motor. 

Quais são os carros mais utilizados nas corridas de Drift?


Os carros utilizados em Drift são consideradamente leves, e até dependem de zona em zona. No Japão, os mais utilizados são o Mazda RX-7, o Nissan Skyline (com tracção traseira), o Honda S2000 e o Nissan 350Z. Nos EUA, os mais famosos são o Dodge Viper, o Subaru Impreza e o Mitsubishi Lancer Evolution, enquanto que na Europa utilizam-se mais o BMW M3, o Porsche Carrera e o Mercedes CLK.

Que tipo de acidentes têm os pilotos de Drift?


Devido à natureza deste desporto, os carros de Drift não são muito envolvidos em acidentes e, quando os têm, são acidentes menores. Apesar disso, como é um desporto com um elevado orçamento devido a pneus, peças e afinações complementares, os condutores tendem a evitar gastos em peças com grande facilidade em partirem-se ou pinturas profissionais e personalizadas nos carros. 

Como se faz um Drift?


Fazer um Drift é uma manobra apenas para bom condutores e profissionais, por isso, pede-se aos condutores que a evitem ao máximo, pois é uma manobra arriscada. 
O Drift tem várias formas e técnicas, entre as quais se salienta:
Kansei Drift: Técnica utilizada em curvas a alta velocidade. Na entrada da curva, retira-se o pé do acelerador, transferindo o peso do carro para a frente, provocando a perda de tracção nas rodas e trás. Ao virar, a traseira do carro escapa e começa a derrapar;
Breaking Drift: Tem os mesmos princípios do Kansei Drift, mas em vez de se desacelerar, trava-se à entrada da curva;
Faint Drift: O piloto conduz o carro para o lado de fora da entrada da curva. Ao entrar na curva, o piloto rapidamente vira o carro para o interior da curva. O peso muda tão rapidamente que a traseira escapa e inicia-se a derrapagem;
E-Brake Drift: Consiste em puxar o travão de mão para perder a tracção. O piloto entra na curva e puxa o travão de mão para travar as rodas traseiras. Ao virar para o interior da curva, a traseira derrapa.



Curiosidades do Drift


A série de filmes “Fast and Furious” produziu um filme inteiramente relativo ao Drift, chamado “Fast and Furious : Tokyo Drift”;

A série de jogos “Need for Speed” e “Midnight Club”, cujo tema são as corridas ilegais, têm corridas onde se aplicam as regras das corridas de Drift e corridas próprias de Drift;

Se formos a reparar, o próprio Drift é utilizado pelos pilotos de Rally nas competições. Para ganharem tempo, os pilotos derrapam ao longo das curvas, embora seja utilizado outra técnica de Drift, chamada Heel-Toe Shifting, em que o piloto acelera e trava simultaneamente com o pé direito enquanto o pé esquerdo manobra a embraiagem.

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